Quando Paula, advogada de 25 anos, almoça com as amigas, ouve histórias
sobre orgasmos múltiplos e sexo de três horas seguidas. À noite, ao
encontrar o namorado, decide que não sairá do quarto até sentir as
paredes tremerem. O problema é que o clímax não acontece dessa vez...
Não que a moça sempre tenha dificuldade para alcançá-lo, mas, pensando
bem, ele não ocorre em tooodas as transas. Será que existe algo de
errado com ela? Não, não há. O que impediu Paula de, literalmente,
relaxar e gozar foi a pressão que colocou em si mesma. Parece bobagem,
mas esse medo de falhar é mais comum do que se imagina. O estudo Vida
Sexual do Brasileiro, realizado pelo Hospital das Clínicas de São Paulo,
mostrou que quase 51% das mulheres apresentam algum tipo de impedimento
sexual — e os dois mais citados foram dificuldade de excitação e de ter
um orgasmo. “Percebo que cada vez mais mulheres me procuram preocupadas
por não conseguirem chegar ao clímax. Elas acham que têm algum problema
anatômico quando, na verdade, apenas internalizaram uma pressão
social”, diz a ginecologista Flávia Fairbanks, de São Paulo. Trocando em
miúdos, estamos sofrendo com a tal ansiedade de desempenho (sim, a
mesma que pode causar ejaculação precoce nos homens).
Funciona assim: a
pessoa estabelece uma meta (por exemplo: atingir o ápice do prazer em
até dez minutos) e, quando não consegue cumpri-la na primeira vez, acha
que nunca mais será capaz, mesmo que prove todas as táticas do Kama
Sutra. E esses objetivos impostos estão cada vez mais difíceis de ser
alcançados. Por exemplo: em filmes eróticos, é comum ver atrizes
chegando ao orgasmo por meio da penetração. Logo, as mulheres começam a
se cobrar o mesmo prazer na vida real, quando todo mundo sabe que a
grande maioria precisa de estimulação
clitoriana. E, aí sim, por causa dessas cobranças, pode-se desenvolver
uma disfunção — que, vamos deixar claro: tem origem psicológica, não
física.
Nenhum comentário:
Postar um comentário